Ômega 3 e ômega 6 no organismo: quais as funções?

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Você sabe qual a função dos tão falados ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6 em nosso organismo? Apesar de nomes parecidos, eles são antagônicos.

O metabolismo do nosso corpo está condicionado à presença de substâncias reguladoras. As nossas células entendem o que precisam fazer, de que modo, o quanto de tempo e em que intensidade através de substâncias reguladoras chamadas hormônios.

Os hormônios são divididos em quatro grandes grupos: 

  • Esteroides
  • Proteicos
  • Aminoácidos derivados 
  • Eicosanoides 

Os esteroides são os hormônios produzidos a partir do colesterol. Temos também a família dos hormônios proteicos e obviamente que para ser produzidos, eu preciso de ingestão de proteínas.

Os aminoácidos derivados e os eicosanoides são produzidos por todas as células do nosso corpo. Porém, para produzi-los preciso de matérias-primas que são os ácidos graxos.

E nesses ácidos graxos, eu preciso de um grupo especial que são exatamente os ácidos graxos ômega-6 e ômega-3.

O que são ômega-3 e ômega-6?

Basicamente e de uma maneira descomplicada, o ácido graxo ômega 3 é uma grande cadeia de hidrocarbonetos. Ou seja, uma cadeia composta de carbono e hidrogênio, carbono e hidrogênio,  carbono e hidrogênio. 

E ali no meio, entre eles há carbonos com duplas ligações químicas. A partir do momento que coloco duplas ligações entre essas moléculas, ela passa a ter um comportamento hormonal.

Quando a primeira dupla ligação dessa cadeia de hidrocarbonetos fica situada no carbono 6, eu passo a chamar isso de eicosanoide N6, ou ômega-6.

Ou seja, tenho uma molécula de outro hidrocarboneto, inserindo duplas ligações do mesmo jeito nessa cadeia. 

Só que entre esses carbonos, que a primeira dupla ligação, ao invés de estar no carbono número 6, ela está no carbono número 3. Com isso, terei um eicosanoide N3, ou ômega-6. 

Traduzindo, quando eu tenho um eicosanoide ômega-6, cuja primeira ligação é do carbono 6, ela se chama ômega-6. E quando essa molécula que agora se transformou num hormônio penetra dentro do nosso corpo, ela vai ativar um complexo de enzimas que resulta na ativação de um processo intracelular chamado pró-inflamação.

Por outro lado, quando é introduzida dentro de uma célula uma molécula de um eicosanoide ômega 3, que tornou-se um hormônio, ela provoca a ativação das mesmas enzimas. Ou seja, ela ativa enzinas como a Delta 5 desaturase,  alongase, Delta 6 desaturase, entre outras.

As enzimas são as mesmas, mas o resultado final é exatamente o oposto. Ômega-3 dispara dentro do nosso corpo a geração de reação anti-inflamatória.

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Pró-inflamação e anti-inflamação

Dessa forma, podemos dizer que o ômega-6 provoca a pró-inflamação dentro do nosso corpo. E o ômega-3 provoca a anti-inflamação. 

Em linhas gerais e de uma forma bastante lúdica, podemos ser levados a pensar que o ômega-3 é o mocinho e o ômega-6 é o bandido.

Mas em fisiologia não existe esse cenário, essa separação. O que existe no nosso corpo é equilíbrio. Ele precisa ter plasticidade de gerar as duas formas de reação.

Por exemplo, se não gerarmos pró-inflamação, não geramos vasoconstricção. Isso significa que se eu não tiver ômega-6 circulando dentro do meu corpo, a próxima vez que eu resolver fazer a barba e sangrasse, iria sangrar até a morte. 

Isso ocorreria pelo fato que não ter vasoconstricção, que é a responsável em produzir a cascata da coagulação.

Fonte de obtenção

O que precisamos entender é que a fonte de obtenção do ômega-3 e ômega-6 são os alimentos. E nesse sentido, preciso manter um equilíbrio na obtenção dessas fontes.

Mas infelizmente esse é um dos problemas de saúde mais graves que estamos enfrentando hoje em todo mundo.

Os alimentos hoje são excessivamente ricos em ômega-6 e completamente destituídos de ômega-3.

A principal fonte alimentar de ômega-6 é o óleo de cozinha. Quer que ele seja de canola, de milho, de soja, de  girassol. 

Enfim, isso significa que quando estou ingerindo óleo de cozinha, estamos ingerindo um monte de substâncias que vão disparar em nossas células a pró-inflamação. 

Do outro lado, deveríamos contrabalancear essa quantidade de ômega-6 com a mesma quantidade de ômega-3. Mas não existem fontes de ômega 3 na nossa dieta. Elas são totalmente escassas.

O ômega-3 é o componente natural do plâncton e do krill. E os animais que comem esses alimentos costumam ser os peixes de águas geladas e profundas, mas que não estão mais sendo consumidos.

Hoje são consumidos esses peixes, mas que são produzidos em cativeiro, recebendo ração anabolizante e sem nenhum traço de ômega-3.

Ou seja, passamos a adotar involuntariamente um padrão alimentar onde tem uma quantidade excessiva de ômega-6 e uma quantidade completamente deficiente de ômega-3.

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Ingestão diária

Para vocês terem uma ideia de como isso é grave, o corpo só consegue se manter e neutralidade, sem estar inflamando e sem estar desinflamando, quando a ingestão diária ômega-3 e ômega-6 é de 1 para 1.

Dessa forma, nosso corpo consegue, num esforço supremo, tolerar três partes de ômega-6 para uma parte de ômega-3. 

Acima disso, estarei gerando um permanente estado inflamatório dentro do nosso organismo. Mas para vocês terem uma ideia, hoje a relação de ômega-3 e ômega-6 é de 1 para 47.

Isso quer dizer que estamos consumindo 47 partes de ômega-6 para uma parte de ômega-3, um completo desequilíbrio. 

Portanto, através da boca, através dos alimentos estamos gerando uma enxurrada de reações inflamatórias dentro do nosso corpo. Mas elas estão atacando o nosso cérebro, articulações, artérias e produzido a multiplicidade de doenças.

Por exemplo, entre as doenças inflamatórias que estamos produzindo estão:

  • infarto 
  • diabetes 
  • depressão 
  • demência senil Alzheimer 
  • hipertensão
  • entre outras

Estamos produzindo uma quantidade monstruosa de doença por meio da nossa boca, porque não estamos compreendendo fisiologia. 

Fontes alternativas e suplementação

Há uma falta de informação por parte dos médicos sobre como devemos nos manter saudáveis. Estamos buscando apenas o controle da doença com medicamentos, e não evitando suas causas. 

Por isso, uma forma de tentar evitar esse consumo exagerado de ômega-3 é trocar o óleo de cozinha por óleo de coco, o azeite de oliva extra-virgem. É também possível tomar a suplementação diária de ômega-3.

É possível suplementar artificialmente o ômega-3 através de cápsulas. Mas para isso é necessário que você busque um médico que tenha conhecimento disso. 

Ou seja, quando falamos em suplementação, não é pegar o primeiro frasco que vemos na prateleira. Digo isso porque muitas vezes esse ômega-3 é extraído dos peixes de águas geladas e profundas.

Mas esses peixes infelizmente estão altamente contaminados com metais pesados. E para consumi-los, é necessário que tenham um altíssimo grau de pureza.

E desses ácidos graxos que tem lá dentro, dois são os mais importantes:

  • Ácido eicosapentaenóico (EPA)
  • Ácido docosahexaenoico (DHA) 

Cada grama daquele ômega-3 precisamos ter um mínimo de EPA e de DHA, para que eles exerçam essa ação anti-inflamatória e neutralizem todo esse processo pró-inflamação.

Portanto, podemos dizer que a suplementação de ômega 3 é uma ação de saúde de base. Mas, o ideal é que essa suplementação seja feita com a concomitância e o acompanhamento de um médico.

Espero que tenha ficado claro quais as funções do ômega-3 e ômega-6 no nosso organismo. E já lhe convido a assistir ao vídeo que gravei para meu canal no Youtube sobre o tema. É só clicar abaixo para iniciar!