O papel da vitamina D no tratamento do autismo

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vitamina d e autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma síndrome complexa do neurodesenvolvimento com déficits e desafios sociais, de comunicação e comportamentais significativos. E o que ainda é pouco explorado é a ligação entre vitamina D e autismo.

Não existe cura para o TEA, embora intervenções precoces possam produzir melhorias no desenvolvimento. 

Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. 

Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas. Em termos de prevalência, o autismo é 4,5 vezes mais comum em meninos (1 em 42) do que em meninas (1 em 189). 

E um tema que vem se tornando relevante diante da alta incidência de casos é o papel da vitamina D no tratamento do autismo, tema que compartilho com vocês no artigo abaixo.

O papel da vitamina D

Os papéis extraesqueléticos da vitamina D são numerosos, incluindo seu papel como neuroesteroide, afetando tanto o desenvolvimento e a conectividade do cérebro, quanto a provável plasticidade sináptica

A vitamina D também é uma das deficiências de micronutrientes mais comuns. Pesquisas anteriores revelaram associações entre insuficiência de vitamina D gestacional e na primeira infância e TEA. 

Isso sugere que a hipovitaminose D (baixos níveis) representa um fator de risco modificável para o autismo. Além disso, evidências preliminares demonstram que variantes genéticas relacionadas ao metabolismo da vitamina D desempenham um papel na fisiopatologia do TEA. 

Leia também::: Vitamina D: Muito além da imunidade

Vitamina D e autismo

O primeiro ensaio clínico randomizado duplo-cego utilizando suplementação de vitamina D em crianças com transtorno do espectro autista foi publicado no The Journal of Child Psychology and Psychiatry em 2018. 

O estudo incluiu 109 crianças egípcias (85 meninos e 24 meninas) com idade variando entre 3 e 10 com diagnóstico de TEA confirmado. 

Além disso, as crianças foram randomizadas para receber gotas de vitamina D ou gotas de placebo correspondentes diariamente por 4 meses. 

Os níveis séricos de 25-hidroxivitamina D (25[OH]D) foram medidos no início e após 4 meses. 

Aliás, se avaliou os sintomas do autismo usando medidas validadas preenchidas por dois psicólogos diferentes e um psiquiatra. 

Quatro meses de suplementação diária de vitamina D, os resultados foram os seguintes: 

  • Níveis médios de 25(OH)D significativamente aumentados, de 26,3 ng/mL na linha de base para 45,9 ng/mL em 4 meses
  • Foi bem tolerado, sem alterações observadas em marcadores bioquímicos pertinentes (por exemplo, cálcio, enzimas hepáticas, creatinina, BUN, etc)

Após quatro meses de suplementação de vitamina D, melhorias ficaram evidentes em muitas manifestações centrais do TEA, incluindo: 

  • Pontuação total da Escala de Avaliação do Autismo Infantil (CARS – Childhood Autism Rating Scale)
  • Lista de Verificação de Comportamento Aberrante (ABC – Aberrant Behavior Checklist): irritabilidade, hiperatividade, letargia/retraimento social, fala inadequada, comportamento estereotipado
  • Lista de Verificação de Avaliação do Tratamento do Autismo (ATEC): sociabilidade, consciência cognitiva, comportamento
  • Escala de Responsividade Social (SRS): consciência total e social, cognição social e maneirismo autista

Ademais, este ensaio clínico randomizado rigorosamente projetado é o primeiro de seu tipo a demonstrar segurança e eficácia da suplementação de vitamina D em crianças com autismo. 

Além disso, dois estudos abertos anteriores de suplementação de vitamina D também demonstraram melhorias nos sintomas de TEA. 

Leia também::: Fisiologia da vitamina D: não é vitamina, é hormônio

Avanços importantes

Como fica claro, o hormônio D apresenta funções regulatórias vitais, sendo responsável pela ativação de mais de 3500 genes, bem como pelo desempenho de mais de 80 funções de restauro e reparo no organismo humano.

Dessa maneira, devemos compreender que o Hormônio D tem um papel essencial para o pleno funcionamento da fisiologia de um indivíduo e a sua falta pode representar uma lista extensa de sintomas.

Além disso, no tratamento do autismo, a pesquisa mostra que ele pode proporcionar significativos avanços para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.

E para aprofundar ainda mais o tema vitamina D e autismo, os convido a assistir ao vídeo que preparei para meu canal do Youtube, no qual ao lado do Professor Cícero Coimbra, falamos sobre o assunto.