Testosterona Baixa: Nem Sempre a Reposição é a Melhor Solução

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Testosterona Baixa: Nem Sempre a Reposição é a Melhor Solução

Nos últimos anos, o uso indiscriminado de testosterona tornou-se quase uma “pandemia”. O apelo das mídias, os investimentos massivos da indústria farmacêutica e a busca incessante pela juventude e pelos corpos perfeitos têm impulsionado essa tendência preocupante. Mas o problema não está no hormônio em si. Como o veneno que também pode ser o antídoto, a testosterona exige indicação precisa, dose correta e momento adequado para seu uso.

Entendendo a Produção de Testosterona

Sob condições normais, os hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) regulam a produção de testosterona pelos testículos. Quando a testosterona e seu metabólito, o estradiol, se elevam, ocorre um feedback negativo que reduz a produção de LH e FSH. Esse sistema equilibrado é essencial para a saúde hormonal masculina.

Nos casos de hipogonadismo primário, a disfunção está nos testículos, que não conseguem produzir testosterona, mesmo com altos níveis de LH. Já no hipogonadismo secundário, o problema está na hipófise ou no hipotálamo, que produzem quantidades insuficientes de LH e FSH, comprometendo a estimulação testicular. Em ambos os casos, a reposição de testosterona é indicada.

Você pode gostar de ler: O que pode causar a deficiência de testosterona?

Hipogonadismo Funcional: O Problema Real

Acontece que grande maioria dos homens que apresenta baixos níveis de testosterona não está doente; eles estão em uma condição conhecida como hipogonadismo funcional. Fatores como sedentarismo, estresse crônico, tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de medicamentos como estatinas e anticonvulsivantes, obesidade e diabetes são os principais culpados.

Ainda assim, a resposta inicial à queda dos níveis de testosterona, nesses caos, tem sido a reposição hormonal. Uma solução frequentemente inadequada e que pode ser perigosa, pois mascara os problemas subjacentes sem tratá-los.

Os Riscos da Reposição Indiscriminada

Considere um homem de 40 anos com inflamação crônica, resistência periférica à insulina e leptina, entre outras alterações metabólicas. A reposição de testosterona nesse contexto não apenas falhará em trazer benefícios, mas também pode agravar os riscos cardiovasculares. Aos 60 anos, esse indivíduo pode enfrentar uma embolia pulmonar, um infarto ou um acidente vascular cerebral.

O culpado? Não a testosterona em si, mas a reposição hormonal desnecessária em um indivíduo com hipogonadismo funcional, onde as causas reais do problema nunca foram abordadas.

Hormônios Bioidênticos versus Anabolizantes

Além disso, é importante diferenciar o uso de hormônios bioidênticos da utilização de anabolizantes. Os hormônios bioidênticos possuem uma estrutura molecular idêntica à dos hormônios naturalmente produzidos pelo corpo humano, sendo desenvolvidos para promover um efeito fisiológico e seguro quando utilizados adequadamente. Eles são prescritos para repor deficiências hormonais de maneira individualizada, respeitando as necessidades do paciente.

Por outro lado, os anabolizantes, muitas vezes utilizados de forma indiscriminada, são derivados sintéticos de hormônios que não respeitam as características naturais do corpo. Seu uso com finalidades estéticas ou esportivas, geralmente em doses muito superiores às recomendadas, está associado a sérios riscos à saúde, incluindo danos hepáticos, alterações cardiovasculares e supressão da produção hormonal natural.

Essa distinção é crucial para evitar equívocos e garantir que o tratamento hormonal seja realizado com segurança e eficácia.

Leia também: Os riscos dos esteroides anabolizantes para o corpo

Um Alerta Necessário

Nos dias de hoje é raro, mas perfeitamente possível que um homem de 75 anos, com estilo de vida saudável, apresente níveis normais de testosterona. Em contrapartida, homens de 35 a 40 anos frequentemente chegam aos consultórios com baixos níveis do hormônio, fruto de maus hábitos e condições metabólicas desfavoráveis.

Nesses casos, a reposição hormonal é não apenas desnecessária, mas também perigosa, uma vez que perpetua as condições subjacentes que levaram à disfunção.

Portanto, este é um alerta para profissionais e pacientes: repor testosterona não é para todos. Antes de iniciar qualquer tratamento, é imprescindível avaliar cuidadosamente a causa da disfunção hormonal e priorizar intervenções que tratem as condições de base. Apenas assim será possível garantir segurança e eficiência no manejo da saúde masculina.

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