O Que Fazer Quando os Exames Estão Normais, Mas o Paciente Não Se Sente Bem?

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Exames normais

É uma situação que muitos profissionais da saúde enfrentam no dia a dia: um paciente com múltiplas queixas e sintomas, mas cujos exames laboratoriais revelam resultados normais. Essa contradição pode gerar frustração tanto para o médico quanto para o paciente, levando a uma deterioração da qualidade de vida e à perpetuação do sofrimento. Neste artigo, vamos explorar como abordar esse desafio de maneira eficaz.

O Desafio do Sintoma Não Reconhecido

Quando um paciente chega com queixas como baixa autoestima, dificuldades de concentração, alterações na composição corporal, e problemas com a imunidade e a performance física, a primeira reação costuma ser a solicitação de uma série de exames. O médico espera encontrar alguma anormalidade que justifique os sintomas, mas, para surpresa de ambos, os resultados vêm dentro das faixas consideradas normais.

Esse cenário levanta uma questão fundamental: como é possível que alguém se sinta tão mal e, ao mesmo tempo, tenha exames laboratoriais normais?

A Questão das Referências Normais

Um exemplo elucidativo é o hormônio testosterona na saúde masculina. Os laboratórios geralmente definem níveis normais de testosterona para homens entre 250 e 1100 ng/ml. No entanto, um homem de 40 anos com testosterona em 250 ng/ml não pode ser considerado igual a outro com 1100 ng/ml. A diferença de quase cinco vezes na produção hormonal deve ter um impacto significativo na saúde e bem-estar do paciente.

As faixas de referência para os exames não são derivadas da clínica, mas sim de dados estatísticos. Isso significa que a medicina não pode se basear apenas em números, sem considerar a clínica. A grande questão que o clínico deve se perguntar é: “A partir de que nível hormonal o paciente começa a apresentar sintomas?”

Leia também: Declínio Hormonal da Menopausa: Um Problema para Todas as Áreas Médicas

A Importância da Clínica

A interpretação dos resultados laboratoriais não pode ser feita de maneira isolada. É essencial levar em consideração as queixas, os sinais e os sintomas do paciente. Ignorar a clínica é transformar-se em um “tratador de exames”, em vez de um médico que analisa o todo.

Os hormônios não atuam no sangue ou na urina, mas sim nas células, onde seus efeitos são realmente percebidos. Por isso, as concentrações de hormônios no sangue podem não refletir a realidade do que está acontecendo a nível celular. Frequentemente, pode haver discrepâncias entre as concentrações hormonais no sangue e aquelas dentro das células, levando a diagnósticos imprecisos.

Variáveis que Afetam os Resultados

Além disso, diversos fatores podem influenciar os resultados dos exames hormonais, como:

  • Hidratação: O grau de hidratação do paciente pode impactar a concentração hormonal no sangue e na urina.
  • Método de dosagem: A técnica utilizada para a dosagem hormonal pode afetar a precisão dos resultados. Muitos laboratórios usam métodos menos precisos, que podem não capturar a verdadeira concentração do hormônio.
  • Unidades de medida: As diferentes unidades de medida para hormônios nos vários fluidos corporais podem gerar confusão e dificultar a comparação.

O Caminho a Seguir

Diante da suspeita de deficiência hormonal em um paciente com exames normais, o clínico deve:

  • Valer-se da Clínica: Sempre considerar a apresentação clínica do paciente ao interpretar os resultados dos exames.
  • Investigar Sintomas: Realizar uma investigação detalhada das queixas do paciente para entender a relação entre os sintomas e os níveis hormonais.
  • Refletir sobre Tratamento: Considerar o tratamento hormonal não apenas com base em exames, mas com foco nas necessidades e condições individuais do paciente.

Conclusão

A medicina deve se basear na clínica, e os hormônios devem ser abordados de maneira abrangente. Os números dos exames são importantes, mas não devem ser a única referência para o diagnóstico e tratamento. A clínica é soberana, e um olhar cuidadoso sobre o paciente como um todo é essencial para proporcionar a melhor qualidade de vida.

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