Conheça as consequências das luzes artificiais para o ciclo circadiano

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Um tema muito relevante para nossa reflexão é o impacto das luzes artificiais e ciclo circadiano. Qual a ligação que ambas têm para a nossa saúde e longevidade?

O ciclo circadiano sãs as mudanças físicas e mentais que ocorrem ao nosso corpo ao longo do ciclo de 24 horas. É basicamente o responsável em nos fazer sentir sono quando anoitece, e que nos faz despertar quando o Sol nasce.

Mas as luzes artificiais estão causando um impacto enorme nesse nosso ritmo natural, e as consequências podem ser terríveis em longo prazo. 

O que é ciclo circadiano?

Mas o que é, de fato, o ritmo circadiano? Então, nós humanos, e todas as criaturas que evoluíram e que chegaram até esse momento de evolução no Planeta Terra, tiveram que cumprir com uma premissa básica: adaptar o seu metabolismo, o seu organismo, ao ciclo circadiano.

Ou seja, ele é a capacidade que os seres humanos têm de perceber quando existe luz solar ou existe escuridão. 

Essa premissa vem desde a era quando ainda éramos proto-hominídeos, a milhões de anos, até evoluirmos como Homo sapiens. 

Por exemplo, durante o período de vigência da luz solar, todos os nossos sistemas metabólicos estão preparados para agir, a utilizar a energia muscular, a utilizar a locomoção e buscar a caça, para se alimentar e sobreviver.

Nos dias de hoje é trabalhar, cumprir com nossas demandas.

Restabelecendo nossa energia

E quando o Sol ultrapassa a linha do horizonte, isso quer dizer que veio a escuridão, e não existe mais a luz solar. Em síntese, é nesse momento que a natureza está nos sinalizando que precisamos fazer o processo inverso. 

Ou seja, precisamos nos recolher para dormir, e durante o sono que restauraremos nossas energias, restaurar nossos músculos que foram utilizados durante todo o dia de atividades. Vamos colocar todos os nossos sistemas principais de repouso. 

Nesse momento ligamos um piloto automático, chamado de sistema nervoso autonômico, que é que manterá todas as nossas funções vitais mesmo em sono.

Aí no dia seguinte, por volta das 5h30 da manhã, um pouco mais, um pouco menos, o Sol cruzará novamente o horizonte e começará ser perceptível pelos nossos olhos.

A partir do momento que essa luz começa a brilhar, há uma excitabilidade na nossa pele e na nossa retina, e é enviada uma mensagem para uma área específica do nosso cérebro, chamada de núcleo supraquiasmático. Esse núcleo funciona como se fosse nosso despertador natural.

Ele vai sinalizar para que nós acordemos e assim iniciemos um novo dia. É assim que a vida vem ocorrendo desde os proto-hominídeos há milhares e que viemos sobrevivendo até aqui.

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Luzes artificiais e ciclo circadiano

Por volta do ano de 1878 começaram a se iluminar as cidades com lampiões a gás. Começou-se a criar a luz artificial, que acabou redundando na invenção da lâmpada elétrica criada pelo inventor americano Thomas Alva Edison.

A princípio, foi exatamente aí que nós começamos a quebrar um ponto de equilíbrio fundamental em nossas vidas. Foi aqui que deixamos de ter a percepção de luz solar ou escuridão.

Portanto, a partir da invenção do lampião, e depois da lâmpada elétrica, nós passamos a viver em uma sociedade que começou a invadir impunemente esse ciclo circadiano. 

Se começou a alongar o limite onde devemos nos recolher para dormir, para restaurar nosso organismo. As pessoas também inventaram os ritmos de trabalho noturno. Por exemplo, os plantonistas, os trabalhadores dos mais variados segmentos que se mantém trabalhando ativamente em plena noite, quando deveriam estar repousando

Nós passamos a adiar o momento de parar de trabalhar, criamos o terceiro expediente, criamos as horas extras, criamos as festas, os encontros sociais, as baladas, as madrugadas passaram a ser dias também. 

Esse processo de desequilíbrio do nosso ciclo circadiano está trazendo consequências gravíssimas para a nossa saúde.

E nós não estamos percebendo muitas vezes que o grande inimigo não é passar da idade, ficar mais velho. O grande inimigo está dormindo e acordando todos os dias conosco em nosso ambiente de dormir. 

Nosso ambiente foi invadido por essa luz artificial. Foi invadido pelos LEDs de celulares, pelas telas de televisores, sensores de câmeras, e outros aparelhos.

Esse ambiente luminoso do nosso quarto está quebrando nossa capacidade de reconhecer a noite. Essa luz noturna está provocando mudanças no sono e confundindo o nosso ciclo circadiano.

Desregulação dos sistemas hormonais

Nós não estamos mais conseguindo entender que a luz solar se foi, nós não temos mais codificadores naturais para compreender o que fazer com as luzes artificiais. 

Isso está trazendo um desequilíbrio profundo nos nossos sistemas metabólicos, fracionando e quebrando o ritmo fisiológico do sono. E essa quebra do ritmo está trazendo uma desregulação nossos sistemas de controle hormonal. 

Um desequilíbrio profundo no sistema, que envia mensagens da glândula pineal para o hipotálamo, e do hipotálamo para a hipófise. Dessa forma, o desequilíbrio glandular está levando a um desequilíbrio sistêmico dos nossos órgãos que controlam nosso sistema neuro-endócrino-reprodutivo e imunológicos. 

Por exemplo, uma vasta gama de doenças, uma vasta gama de situações, de comorbidades e patologias estão eclodindo exatamente por conta desse desrespeito ao ciclo circadiano.

Leia também::: A função da glândula pineal no contexto da saúde metabólica

Voltarmos ao básico

Venho defendendo há muito tempo a necessidade de voltarmos ao básico e fazermos nossos deveres de casa. Reconectarmos à natureza. 

Não que esteja propondo aqui que quebremos todas as lâmpadas de nossas casas, e joguemos fora televisores e celulares.

Mas que adotemos uma postura de equilíbrio de consumo consciente quando lidarmos com esses equipamentos que estão tirando nossa saúde, que estão tirando nosso equilíbrio metabólico.

A luz elétrica ligada após às 22 horas é um evento tão grave, tão prejudicial à saúde humana. Só para que vocês tenham noção, luz elétrica ligada após as 22h é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como um indutor de câncer, diabetes e depressão.

Isso é gravíssimo!

Por isso, a proposta é fazermos uma reconexão com a natureza. Ou seja, fazer um adestratamento para consideramos a qualidade do sono como o medicamento mais poderoso para promoção da qualidade de vida. 

Passarmos a estabelecer o limite de 22 horas, no máximo 23 horas, como limite para se recolher para dormir. 


E ao dormir, deixar nosso ambiente completamente escuro e silencioso. O mais próximo possível daquela caverna paleolítica. 

Cuide do seu sono

Portanto, a lição final é que quero deixar aqui é que a saúde está muito mais dependente da qualidade da nossa informação, do que da nossa genética. 

Na verdade, a longevidade e a vida com saúde dependem apenas de 15% dos nossos genes. Os outros 85% dessa dependência está e recai sobre nossas escolhas. 

Por sua vez, as escolhas são em função da nossa qualidade da informação que possuímos. Por isso, vamos adotar o sono como nosso mantra, não negligenciarmos a necessidade dormirmos no escuro, para que voltemos a ter equilíbrio em nossos sistemas neuro-endócrino-reprodutivos e imunológicos por meio do ciclo circadiano. 

Ou seja, muitas vezes, as pessoas já estão tão desequilibradas por estarem dormindo mal em ambiente errado, na hora errada, que elas vão precisar reequilibrar seus hormônios. 

Precisam principalmente suplementar uma molécula mágica chamada melatonina, que é a molécula que vai voltar a promover esse reequilíbrio entre pineal, hipotálamo, hipófise e nossas glândulas. E assim promover uma ressincronização dos nossos sistemas. 

Espero que essa mensagem tenha sido útil para vocês, e que ela deixe a importante mensagem que a saúde está nas nossas mãos. Ela não está em uma prateleira de farmácia onde vou comprar um remédio.

Por isso, fique sempre atento às luzes artificiais e ciclo circadiano. E para mais informações, confira também meu vídeo no Youtube.